Quinta feira,
19 de julho de 2018
O vitiligo
faz parte do grupo de doenças autoimunes, desencadeadas por falhas que levam o
sistema de defesa a atacar o corpo do qual faz parte. A enfermidade é
incurável, mas um grupo de pesquisadores americanos identificou uma alteração
em células protetoras que pode ser explorada para o desenvolvimento de novos
tratamentos. Os primeiros resultados são promissores. Em experimento com
camundongos, os cientistas conseguiram reverter as manchas da pele
desencadeadas pela doença em apenas dois meses. As descobertas foram
apresentadas na última edição da revista Science Translational Medicine.
Quando as
terapias disponíveis atualmente são interrompidas, até 40% das manchas
provocadas pelo vitiligo reaparecem. “Queríamos saber por que isso acontece e
encontrar uma maneira de evitar esse problema para que os tratamentos sejam
duradouros”, conta ao Correio John E. Harris, um dos autores do estudo e
diretor da Clínica de Pesquisa em Vitiligo, na Universidade de Massachusetts.
Segundo Harris,
em estudos anteriores, foi identificado um grupo de estruturas de defesa, as
células-T de memória residentes (TRMs, pela sigla em inglês), que permanecem na
pele após a eliminação de uma infecção viral. Isso levantou a suspeita de que
essas moléculas seriam responsáveis pelo retorno do vitiligo. “Elas residem na
pele e permanecem por longos períodos de tempo porque se sentem bem na região
em que se formaram. Acreditamos que elas reiniciam a doença e fazem com que as
manchas brancas retornem”, explica o cientista.
Para testar a
hipótese, Harris e colegas analisaram lesões de pacientes com vitiligo e
descobriram que elas continham TRMs que expressam componentes de um receptor
para a interleucina-15 (IL-15), uma molécula de sinalização imunológica, responsável
por ativar o sistema de defesa. Em ratos com vitiligo, os TRMs exibiram o mesmo
receptor de IL-15, o que permitiu os testes para uma possível abordagem
terapêutica.
As cobaias
com a doença autoimune receberam, então, um anticorpo que tinha como alvo o
receptor de IL-15. Após duas semanas de tratamento, a pigmentação na pele dos
camundongos foi restaurada. “Descobrimos que a proteína IL-15 era um sinal de
sobrevivência para essas células (de defesa com problema) e que o bloqueio
desse sinal fez com que essas células desaparecessem”, explica Harris.
Mais fatores
Segundo Caio
de Castro, dermatologista da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) e
professor da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR), o estudo
americano é bastante promissor e explora moléculas que têm despertado a atenção
médica. “Já se sabia do papel dessas células de memória resistente em
enfermidades da pele. Claro que temos outros fatores, como o genético, mas
sabemos que traumas físicos podem liberar esses mediadores, como a interleucina
15, que ativa os queratinócitos, gerando as manchas”, detalha. “Se você
bloqueia esses receptores de IL-15, a interleucina 15 não age e as manchas não
aparecem.”
Os cientistas
americanos planejam realizar testes com humanos no próximo ano. “Esperamos que
o tratamento seja aprovado para uso regular em todos os pacientes com
vitiligo”, diz Harris. “Também estamos procurando novas maneiras de remover
essas células para que possamos experimentar outras formar de tratamento.”
Castro
ressalta que os experimentos clínicos são essenciais. “Somente com esses testes
vamos ter certeza de que o resultado é positivo e de que a intervenção pode
evitar o retorno da doença. Acredito que podemos esperar avanços nessa área,
até porque muitas empresas têm se voltado para o vitiligo. Hoje, vemos uma
grande quantidade de imunobiológicos para psoríase, acredito que o mesmo venha
a ocorrer com o vitiligo”, diz.
"Também
estamos procurando novas maneiras de remover essas células para que possamos
experimentar outras formar de tratamento” - John E. Harris, cientista da Universidade
de Massachusetts.
Diário de
Pernambuco
Foto
reprodução Diário de Pernambuco
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