Quinta feira, 22 de março de 2018
Engenheiro ensina
matemática e física, de graça, a alunos de todas as idades.
Rio - Aluno
do 1º período de Engenharia Mecânica, Márcio Almeida da Silva Júnior, de 26
anos, estava decidido a trancar a faculdade na sexta-feira passada. Desanimado
pela dificuldade com cálculos, saiu de casa cabisbaixo naquele dia à tarde para
o trabalho. No caminho, quase não acreditou quando viu uma placa em uma mesa na
Praça Compositor Mauro Duarte, em Botafogo, onde se lia: "Tiro dúvidas de
Matemática e Física (grátis)". Sim, de graça. E parou para pedir ajuda.
A cena do
estudante concentrado nos ensinamentos do professor Silvério Morón, 63 anos,
explodiu as redes sociais. Até ontem, cinco dias depois, a foto tinha sido
compartilhada por mais de 47 mil pessoas.
"Eu nem
sei o que dizer sobre essa foto, só que meu coração deu um sorriso de amor e
esperança...", postou no Facebook a autora do clique, Van Novaes, 38,
coordenadora em uma produtora. "Fiz a foto com o celular e eles nem
perceberam. Todo mundo estava chocado com o assassinato da (vereadora)
Marielle, e postei para mostrar aos meus amigos que existia luz em meio a dias
tenebrosos".
Morador de
Botafogo, Silvério formou-se em Engenharia e não tem licenciatura. Trabalhou
por dois anos como engenheiro, 25 como comerciante e, há 14, vive de aulas
particulares (paixão que descobriu aos 49 anos). Graças a uma reserva
financeira, arrumou tempo para concretizar o projeto voluntário. Desde o dia
12, ele fica na praça de segunda a sexta-feira, das 11h às 14h, disponível para
tirar dúvidas de Física e Matemática em todos os níveis de escolaridade,
inclusive nos preparativos para o Enem. E quer continuar até o fim do ano.
Com a
iniciativa, o professor espera contribuir com uma sociedade, em sua visão,
carente de educação. Ele evita falar de política, mas não acredita que a
intervenção federal na segurança sozinha seja capaz de enfrentar a violência.
"Não entendo de política, mas entendo de ser humano e de educação. O Rio
de Janeiro está doente. O nível de educação está aqui embaixo e a violência, lá
em cima. Não adianta nenhuma força externa trabalhar só no sintoma. Tem que
trabalhar a causa. Se o braço da educação levantar, o da violência vai
descer", disse Silvério.
Seu desejo é
inspirar outras pessoas a dividir o que sabem com as outras, seja fazer
cálculos ou cozinhar, lavar, dançar... "Já pensou se aparecem mil pessoas
com o mesmo pensamento que eu? Professor não é só quem tem licenciatura. É quem
tem conhecimento para ensinar algo a alguém. Você acredita que alguém passe 60
anos sem aprender nada na vida?"
O professor
prometeu ajudar Márcio até a formatura. E o futuro engenheiro desistiu de
desistir. "Eu não ia mais para a faculdade a partir daquele dia. Já tinha
falado com meu pai e minha mãe. Foi uma luz no meu caminho", agradeceu o
jovem. "As pessoas hoje em dia estão muito perdidas, à procura de alguém
para ajudar e não encontram. Quando a gente vê uma atitude dessas, é
maravilhoso", incentivou a cabeleireira Olanir César, 57, que observou
Silvério lecionando ontem.
O Dia
Luciano
Belford / Agencia O Dia
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