Dirigentes
dos maiores partidos da base de apoio parlamentar ao governo vão passar os
próximos dias definindo o perfil que se encaixe em um candidato, se possível de
consenso, para substituir Michel Temer na Presidência da República em uma
eleição indireta, feita pelo Congresso. É uma corrida em busca de um mandato
tampão.
Para tocar o
governo até as eleições gerais de 2018, PMDB, PSDB, DEM, PP, PR e PSD pretendem
encontrar um nome para o mandato tampão de 19 meses antes do julgamento marcado
pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para o dia 6 de junho. A corte julgará
pedido de cassação protocolado pelo PSDB contra a chapa Dilma Rousseff-Michel
Temer, que venceu as eleições de 2014 e é acusada de crime eleitoral.
Além de
“ponderada”, a figura que está sendo esculpida politicamente por esse núcleo de
apoio ao governo também deve ter boa experiência administrativa, trânsito entre
deputados e senadores e se comprometer em não concorrer às próximas eleições.
Partido de Temer, o PMDB já trabalha com a possibilidade real de deixar o
posto, mas quer manter uma fatia importante dos cargos federais por ter as duas
maiores bancadas tanto na Câmara quanto no Senado.
Os cargos
federais ocupados pelo partido continuariam com representantes da legenda por
causa da sua força política no Legislativo. Isso inclui ministros importantes,
como Moreira Franco (Secretaria-Geral da Presidência) e Eliseu Padilha (Casa
Civil), amigos de Temer.
PSDB
Os tucanos
estão divididos. Parte da bancada de deputados do PSDB quer eleições diretas.
Outra ala, minoritária, sonha com um tucano na presidência da República para
tocar as reformas trabalhista e da Previdência que o partido se comprometeu a
aprovar. Os senadores optaram por substituir Temer com eleições indiretas, após
a cassação do mandato pelo TSE por crime eleitoral, e defendem o nome do presidente
interino da legenda, Tasso Jereissati (CE). Ex-governador do Ceará, o senador é
bem aceito em partidos como o DEM e o PSD.
O PSDB
prefere pendurar a responsabilidade pela saída do presidente na conta do
Judiciário. De quebra, daria a Temer uma saída honrosa, sem o carimbo direto de
ter sido derrubado por crimes, inclusive corrupção, revelado na conversa do
presidente com o empresário Joesley Batista, um dos donos da JBS. A Conversa
gravada pelo empresário foi entregue ao Ministério Púbico e provocou o pedido
de investigação do presidente pelo Procurador geral da Republica, Rodrigo
Janot.
Democratas
O Democratas
quer dar peso à bancada de deputados, proporcionalmente mais poderosa que a dos
senadores, e especialmente ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia (RJ). Parte
dos deputados quer que o próprio Maia possa, ao mesmo tempo, substituir Temer
em caso de cassação da chapa pelo TSE, e concorrer no pleito indireto para
ficar na Presidência até 2018. Para rejeitar Maia, o PSDB lembra que o apelido
do presidente da Câmara é “Botafogo” na lista de propina da empreiteira
Odebrecht, o que pode provocar outro constrangimento em breve se o STF for
julgar todos os parlamentares acusados pela empresa de receber dinheiro ilegal.
Se não
emplacar como nome para o mandato tampão, Rodrigo Maia quer ser uma espécie de
fiador do futuro presidente interino, já que a Câmara é o maior colégio
eleitoral no pleito indireto, base onde o presidente da Casa ainda carrega o
poder e o prestígio que o elegeu em fevereiro.
Outra
condição para que o candidato a presidente tampão seja apoiado pelas maiores
siglas governistas é que a equipe econômica seja mantida. O ministro da
Fazenda, Henrique Meirelles, filiado ao PSD, é um dos nomes citados para
substituir Temer via Congresso. Coordenador político e técnico das reformas
trabalhista e previdenciária enviadas pelo governo ao Congresso, Meireles é
visto como uma parte intocada no governo sob pena de novas turbulências no
mercado financeiro.
PMDB
Para aceitar
apoiar o substituto de Temer, o PMDB quer manter seus representantes nos atuais
ministérios. Isto significa encontrar vagas para Eliseu Padilha, hoje ministro
chefe da Casa Civil e Moreira Franco, também ministro encarregado das
concessões públicas. Os dois são amigos de Temer e, fora dos postos, iriam
responder às investigações de corrupção feitas pela Lava Jato ao juiz Sérgio
Moro, na primeira instância da Justiça Federal.
Um nome
citado pelo PMDB é o do ex-deputado, ex-ministro de várias pastas dos governos
FHC e Lula, Nelson Jobim, também ex-ministro do Supremo.
Também estão
sendo citados nas rodadas de negociação os nomes do ex-presidente do TSE e
ex-ministro do Supremo, Carlos Ayres Brito. Hoje aposentado e atuando como
advogado, ele também é cotado para vice na eleição indireta. Outro nome na roda
de conversas está o de Pedro Parente. Atual presidente da Petrobrás, Parente já
foi o segundo da equipe econômica do ex-presidente Fernando Henrique, também
cotado para substituir Temer, e antigo chefe da Casa Civil.
Se a eleição
indireta conseguir manter unida a atual base governista, as fatias de poder
federal continuarão sendo proporcionalmente ocupadas pelas mesmas legendas que
hoje apoiam Temer.
Congresso
em Foco
Foto: Beto
Barata/PRVeja mais notícias no www.saovicenteagora.com.br curta o Facebook AQUI siga o Twitter AQUI o canal do You Tube AQUI do São Vicente Agora e fique atualizado com as principais notícias do dia.
Você também pode falar com a redação através do WhatsApp (83) 9 9347 476
0 comentários:
Postar um comentário